FREDERICO MORIARTY – Era uma terça-feira quente. Dia em que eu dava aulas nos segundos anos da Ose-Coc (colégio de ensino médio de Sorocaba). Umas 10h30 da manhã, os (ex) alunos Daniel Lopes, hoje grande professor de filosofia e atualidades, e Diego Moreira Soares, canadense da gema, me chamaram na sala com cara de assustados. Em meio à insistência dos dois, fui aos corredores de ladrilho quebrado – inovação maravilhosa do nosso design -, e me falaram:

– Professor, atacaram aquele prédio de NY…
– Qual prédio?
– Aquele que tem duas torres…
– World Trade Center!?
– Esse mesmo!! Venha até a biblioteca para ver…
Havia dois PCs 486 na sala. Internet discada. A história antiga da cibernética. Um muleke da sexta série ocupava um dos aparelhos e foi devidamente defenestrado. A imagem em destaque mostrava um prédio em chamas exuberantes, a outra torre começava a incendiar. Logo, o primeiro edifício ruiu à nossa frente.
– É montagem, Daniel…
– Não é, professor!

E lá fomos nós três para a telinha da Globo, ao vivo e em cores: Carlos Nascimento narrava o atentado terrorista. Era verdade. Convoquei o professor Márcio Messias e autorizados pelo o coordenador Carlos juntamos as turmas para ministrarmos uma aula especial. Subiram várias salas para o anfiteatro da escola. TV com imagens estarrecedoras e debates. Reprises dos ataques, prédios incendiando, torres caindo. Suposições.

Eis que uma garota do 2° ano, visivelmente atarantada, me pergunta:
– Professor, mas se os ataques forem da União Soviética (sic)?
– Não é possível – respondi. Mas…
– Não existe mais URSS. O comunismo acabou faz 10 anos.
– Mas se houver um golpe militar na Rússia…
– Não tem perigo.
– Por que, professor?
– O Putin (atual presidente russo) que acabou de assumir é membro do exército.
– E se ele quiser atacar os EUA?
– Não vai!!
– Mas…
– Tá bom, caso ele pense em atacar teremos um problemão.
– Por que, professor?
– Porque começaria a 3° guerra mundial.
– Nossa, mas o que aconteceria daí?
– Ué, o mundo acaba.
A garota chorou. Não estava preparada para o Armagedon. Logo depois, Carlos Nascimento falava:
“- O extremista da Al Qaeda, Osama Bin Laden, acaba de assumir o atentado.”
Ali, em meio ao pó e desespero, começava o século XXI.

Confira, abaixo, o documentário “Caçando Osama Bin Laden”:
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