JOSÉ SIMÕES – No último final de semana de novembro aconteceu o II FESTÃO – Festival Regional de Teatro – na cidade de Pilar do Sul, coordenado pelo grupo de teatro Escarafunchar.
O encontro reuniu artistas/produtores teatrais da região metropolitana de Sorocaba.
O FESTÃO – Festival Regional de Teatro – surgiu em 2018. Foi idealizado para ser itinerante pelas cidades da Região metropolitana (o primeiro aconteceu em Sorocaba), sem curadoria, um espaço para a troca de informações entre os artistas da região e divulgar o teatro produzido na região.
O II FESTÃO foi intenso, plural e generoso.
Durante as reuniões preparatórias para cada uma das edições do FESTÃO se debateu, também, os contextos municipais.
Nas reuniões se discute quais são as políticas culturais realizadas em cada município e, também, a percepção dos artistas em relação e estas políticas culturais.
Nalguns municípios não há nenhuma política cultural em curso (de fato). Há, sim, uma sucessão de eventos desconectados com a produção do lugar.
Diante desta diversidade de situações culturais propus três questões, no sentido de colaborar com o debate acerca do papel do gestor cultural no município, para embasar as discussões acerca das ações públicas da Cultura no lugar:
A primeira (não necessariamente por ordem de importância): quais são as políticas e ações (com indicadores e metas) para a formação de público no município?
Segunda: quais são as políticas publicas e ações (com indicadores e metas) para o desenvolvimento do acesso da população aos bens culturais e as artes da cidade?
Terceira: quais são as políticas e ações (com indicadores e metas) para o fomento as Artes (nas diferentes linguagens) desenvolvidas no município?
Para se fazer o fomento da Cultura não basta “boa vontade” ou “criatividade”. É preciso planejamento e gestão.
Quando um/a dirigente municipal, estadual ou do governo federal da Cultura não consegue responder a estas três questões básicas significa que se está à deriva.
Uma questão recorrente nos encontros envolve a desvalorização do trabalho artístico e do artista local. A questão da percepção da valorização é complexa. Envolve dentre muitos elementos a questão do pertencimento.
Ainda na esteira da desvalorização dos artista e das artes na região temos alguns consideram a Cultura e as Artes como supérfluos. Que não é trabalho. É preciso sempre esclarecer esta questão. As artes são necessárias na sociedade. São a riqueza do imaginário de um povo. É na/pela arte que se dialoga com o tempo vivido. As artes nos fazem sair da rotina impiedosa. É trabalho, sim. Requer ensaio. Precisa ser remunerado. Tem sua disciplina própria. Requer muitas e muitas horas de técnica e labor.
Outra questão: o corte nos orçamentos municipais das verbas destinadas à Cultura e as Artes. Economizar não é cortar e fazer desaparecer um festejo popular, nem a arte, nem os artistas. Isso porque o dinheiro investido na festa popular ou no teatro fica NA cidade. Ele faz a economia girar.
Foi o que aconteceu neste final de semana em Pilar do Sul. O público compareceu e o comercio da alimentação, acomodação e outros bens de consumo, por consequência, foram aquecidos.
O FESTÃO é a ponta do iceberg. É a parte visível do processo.
Os artistas da região metropolitana envolvidos no FESTÃO trouxeram para cena espetáculos que apontam questões para o horizonte e para o futuro.
Há muito o que ser feito.
Nesta edição do FESTÃO a presença do crítico teatral Amilton de Azevedo foi fundamental para apontar caminhos e discutir processos artísticos.
Ao final Hamilton Sbrana sintetizou o espírito do festival: o FESTÃO somos todos nós!
Vida longa ao FESTÃO.
O III FESTÃO já esta no forno e sendo aquecido para o próximo ano 2020
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