
LUIZ PIEROTTI – 2020 é indiscutivelmente um ano que ficará marcado na história. Um ano de isolamento, pandemia e de incontáveis mortes. O ponto zero do novo normal, porém, ornamentado de horrores e avanços nada novos.
Quem poderia prever que ao longo de períodos onde a indicação universal, e racional, de ficar em casa para evitar um surto ainda maior de COVID-19 fosse interrompida pela necessidade de se lutar contra velhos crimes? Racismo, fascismo e nazismo ressurgem, sem medo ou moral, como se por obra do mais sádico dos roteiristas clichês.
Certa vez, ouvi dizer que a racionalidade e a boa convivência do ser humano operam até o momento em que o conforto e a segurança coexistem. Talvez a marcha lenta e desacredita que se iniciou ainda em 2013, quando manifestações contra o aumento da tarifa de ônibus foram fagocitadas pelo nascer de um patriotismo doente, finalmente encontrou terreno fértil durante a incerta pandemia.
Como é mesmo aquela sabida frase proclamada pelos estudiosos da história? Conhecer o passado nos ajuda a compreender as peças que formam o presente?
Assim, o medo e a crise caminham de mãos dadas com o totalitarismo.
Nos Estados Unidos, um nome ressoa: George Floyd. Vítima do histórico racismo americano. O cheiro de fumaça que amanhece dia após dia por entre os quatro cantos do país é o reflexo de um povo cansado de ser assassinado.
No Brasil, alcançamos 30 mil mortes por COVID ao mesmo tempo que vislumbramos o levante de movimentos claramente nazistas em território nacional.
Novidade? Não.
Eu mesmo já fui vítima de pequenas unidades neo-nazistas nacionais, e isso já faz 12 anos.
Porém, dessa vez, esse levante é endossado por um presidente que cavalga, literalmente, em frente ao seu exército de imbecis. Que utiliza símbolos da supremacia branca. Dessa vez, o levante acontece frente a um povo que não se comove com a mimetização de uma manifestação da KKK em meio à praça dos três poderes.
Hoje o dia amanheceu em silêncio. Mas, aos poucos, vejo surgir um pequeno reflexo que cresce gradativamente. Não existe relativização frente ao nazi-fascismo. Não existe relativização frente ao racismo. Existe combate, existe resposta, existe limite.
2020 é indiscutivelmente um ano que ficará para a história. Cabe a nós escolhermos como isso será escrito.
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