LUCY ROCHA – Passei há pouco no Hortifruti Oba, na Av. Corifeu de Azevedo Marques, em São Paulo, para comprar o que há de mais singelo na mesa de qualquer pessoa do mundo: frutas, legumes e verduras. Saí atordoada e quis compartilhar com vocês alguns dos números por kg que vi por lá:
Banana: 7,99; laranja Bahia: 13,90; pera: 17,99; maçã: 16,99; berinjela: 8,99; beterraba: 19,00; manga: 12,99; abobrinha: 8,99; limão: 7,99 limão, etc…
Ao meu lado uma senhorinha solta um suspiro de agonia e diz:
“Não compro carne para meus meninos há mais de um ano. Agora, nem fruta e verdura vai dar para comprar.”
A propósito de carne, o contrafilé era proposto por módicos 89,99. Para justificar, enfiaram a palavra “reserve” no rótulo. Pensando bem, deve ser mesmo reservado para uma parcela mínima da população. Diz que é “ideal para churrasco”, mas, que fique bem claro, não aquele da laje. É específico para aqueles das varandas gourmet, inocente!
O lugar estava cheio, estacionamento congestionado. Nós somos um povo que se anestesia rápido se puder pagar a anestesia. Quem não pode, vê cortarem a carne com olhos bem abertos e sente toda a dor. A senhorinha do meu lado, obviamente, não tinha para pagar a anestesia e seu grito em silêncio podia ser ouvido por todo o mercado. Voltei para casa com uma “feirinha” de 250,00 porque pude bancar minha morfina. Sem a carne “reserve”, of course!
Proponho, então, um minuto de silêncio para o Plano Real. Com a morte do Real, vejo uma Páscoa diferente em que a única ressurreição certa é aquela da inflação. Todos acreditavam que com a queda de Dilma, seríamos finalmente a Suíça. Pelos preços ao consumidor, acho que estamos bem próximos disso. Ou talvez seja só o Apocalipse brasileiro. Oremos.
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